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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Como um nó

por migalhas, em 27.02.07

Olhar, ver, observar. Atentar nos movimentos alheios, nos gestos de quem nos rodeia a toda a hora, das suas acções. Olhar nos olhos a angústia que nos consome como uma refeição ligeira. Sem modos, cruel, brutal na sua forma simples, quase ridícula de tão comum. Nada se move ou por nós clama. Ou se calhar é a voz do silêncio que numa frequência quase audível nos sussurra um desvio no circuito diário. Um atalho alternativo, um momento de paz, de isolamento, na intimidade do que apenas é meu e apenas a mim concerne. Não quero olhar com olhos de raiva, de uma ira que não o pode ser, mas que se quer intrometer, por vezes de surpresa, deixando-me sem jeito pois não sou eu, mas ela que me governa. O purgatório pode até ser coisa boa, pois permitia-me aliviar deste peso que carrego e que me faz encarar até os dias mais felizes com a névoa do desgosto. Momento fugaz, a felicidade recua de cada vez que me atravesso ao seu caminho e assim caminho só. O sol brilha, resplandecente, mas é nevoeiro que vejo, a penumbra dos dias que me cerca e nunca rompo a barreira de cerradas nuvens. Não é um céu azul e desimpedido aquele que me acolhe a cada dia. Não o é, nunca o foi. O que sempre assim foi, desde o minuto um, desde que me lembro de ser, foi esta tristeza, impregnada de dor, de sentimentos que não me fazem quebrar o gelo deste coração que sei bom, mas que evito partilhar. Não sorrio, nem um esboço. Hoje é apenas a cópia do meu sempre. Eternamente angustiante.

Hoje

por migalhas, em 24.02.07

24 De Fevereiro é o 55º dia do ano no calendário gregoriano. Faltam 310 para acabar o ano (311 em anos bissextos). Segundo a tradição Romana, 24 de Fevereiro é o dia adicionado a um ano bissexto, e a ocorrência do dia 29 de Fevereiro é apenas uma consequência deste facto.

Em vésperas de somar mais 1

por migalhas, em 23.02.07

Mais um dia, é certo que os estou a somar hoje assim como os somo todos os dias. Mas somar mais um ano, atravessar aquela fronteira que me coloca em definitivo na casa dos “entas”, isso só depois da meia-noite de hoje. Quando as 12 badaladas derem entrada ao dia 24, aquele mesmo 24 que no já longínquo ano de 1966 do século passado me viu nascer para a vida, para o mundo, para a eternidade? Seja de que forma for, a minha marca está impressa e orgulho-me daquilo que até agora protagonizei, com mais ou menos valor. Afinal de contas sou humano, como toda a gente, e nem só de coisas más se compõe a minha existência. Amanhã não serei outro, diferente do que fui até agora, mas continuarei a ser o eu de sempre, acrescentado de mais uma vela no topo do bolo. Não fosse uma dor ou outra, um contratempo ou outro, uma impossibilidade ou outra (e não, não pensem que é a esse nível, pois nesse campo continua tudo devidamente activo), e acreditem que não me identificaria minimamente com estes 41. Parece coisa de gente adulta, minada pela responsabilidade, gente séria, obstinada pelo deve e haver. E eu, face a este cenário, não sinto o peso de quarenta e uma primaveras. A sério que não. Até me chega a soar a estranho em determinadas situações, afirmar que sou senhor desta profícua idade. Talvez seja a prova provada de que, afinal, a idade não conta mesmo para nada. É tudo psicológico e o que vale na realidade é a mente. E a minha, a ver pelo que me transmite, mente e muito bem, pois não me sobrecarrega com o fardo da idade que, na realidade, possuo. Mas chega de conversa. Amanhã será um novo dia e a partir dele contarei mais um. Mais um dia, mais 365 dias, mais um ano. Que daqui por outros 365 esteja aqui a escrever umas linhas, ainda detentor de todas as minhas capacidades, de excelente saúde e na companhia dos que mais amo, é aquilo que eu mais desejo. 41? Vamos a eles!

 

 

Alguém deu por ele?

por migalhas, em 21.02.07

4 São os dias a ele dedicados. E é quando não se começa logo pela sexta-feira à noite. Ainda me lembro dos tempos em que a semana que o antecedia era já ela um desfile, um prognóstico bem fiável do que estava prestes a acontecer. Um deslumbre para os olhos e uma sensação de muita dedicação e amor à causa, para o coração. Bastava sair de casa e percorrer meia dúzia de metros, para logo nos depararmos com máscaras fantásticas, plenas de criatividade, confeccionadas ao pormenor, elaboradas sem mácula, um mimo, que só visto. Depois, eram os grandes desfiles. Convidados vindos quase sempre do nosso país irmão para animar os cortejos, centenas de veículos alegóricos à desgarrada, animando as ruas por onde se expunham depois de trabalhados com afinco semanas, por vezes meses, antes do dia D. A contagiante alegria das gentes, a animação incessante de uma vida que, por norma, são dois dias, mas que nesta época passa a 3, a 4 ou mesmo mais, se contabilizarmos ainda a quarta-feira de cinzas. É destes tempos que eu me recordo, embora, muito sinceramente, nunca tenha dado grande “troco” a esta data, que a mim pouco me diz. Ainda assim, acabava por senti-la e, algo levado por arrasto, vibrava um pouco com ela. Hoje, um dia após o último carnaval, a verdade é que nem sequer me lembro de por ele ter dado. É certo que vi uma ou outra criancinha decorada, não mascarada, pois quase todas as que assim se mostravam vinham mal amanhadas, envergando fatiotas sem grande convicção, como que antevendo um fim próximo para esta comemoração, cada vez menos alvo disso mesmo. Devo dizer que, a mim, ao contrário dos grandes foliões e adeptos ferrenhos da paródia, tal facto não me causa grande mágoa, a sério que não. Isto, claro está, desde que não decretem que por falta de interesse do povo ou fraca adesão às festividades, este deixe de ser dia feriado. Isso sim, provocaria um lógico descontentamento generalizado na populaça, desde sempre habituada a gozar este dia em família, mascarada ou não. Fica portanto o aviso para esses senhores que todos os dias se mascaram de palhaço (sem ofensa para os verdadeiros palhaços, que fique bem claro) ali para os lados de São Bento, que não se ponham com ideias parvas. Por que se o número de adeptos da alegria e da boa disposição têm vindo a decrescer, a culpa é essencialmente deles e das medidas de constantes contenções com que tentam mascarar a sua incompetência inapta para resolver as questões de fundo do país e que todos os dias nos servem de bandeja como se fossem grandes feitos. É que farto de andar mascarado de preto e de explorado todo o ano, estou eu. Eu e muito provavelmente todos aqueles para quem o carnaval já há muito tempo perdeu a graça.

Triste sina

por migalhas, em 19.02.07

Se por um lado a esmagadora maioria das ditas pessoas sãs de espírito e de mente não apreciam conhecer de antemão o desfecho de uma história, por outro, quantas e quantas dessas mesmas pessoas procuram desesperadamente saber o que lhes reserva o destino. Como vão ser daqui por uns anos, ricos, felizes, pobres, doentes? Será que, tratando-se da sua própria vida, esta já desperta interesse ao ponto de lhe saber o fim antecipado? E se for possível descortinar o futuro? Que resta depois para fazer? Tentar à força contrariá-lo? Ou tentar desde logo tudo, para que esse se concretize ainda mais rapidamente? É um pau de dois bicos, este do amanhã. Por isso, e no que só a mim me diz respeito, faço por respeitar a ordem natural das coisas e deixar que esse amanhã se me apresente apenas na devida altura, ou seja, amanhã. Senão deixaria de o ser e passaria a ser já hoje. O que deixava de fazer sentido, pois andaria eternamente na perseguição do dia de amanhã sem nunca chegar a perceber o tempo presente. Por tudo isto, compreendo a dor e o desânimo de quantos diariamente contribuem para a nossa satisfação, idealizando, pensando, criando, finais e desfechos de todas as espécies e feitios, para as inúmeras histórias com que nos deliciamos no cinema, na televisão, no portátil. Para esses pobres coitados, o fim é algo que nunca lhes acontece de surpresa. Calhou-lhes em destino serem eles os detentores de uma magia especial. Os responsáveis por todos os finais que, gostemos ou não, concretizam cada filme, cada série, cada episódio, daquilo que é tido como a vida ficcional que acompanha a par a nossa outra vida, a que sentimos na pele. Como vidas duplas: a que vivemos e a que observamos, do lado de lá do ecrã, puramente ficção. Ou será que nem tanto? Pois convém não esquecer que essa outra vida é igualmente produto da mente criativa de um ser humano que, como tal, também ele se debate a cada segundo com uma vida que é real. Até que ponto consegue ele(a) separar uma da outra? Aquela onde qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência (ou deveria ser) e a outra. A que é comum a todos nós, e onde aquilo que é, é-o efectivamente. A tal em que o sangue quando jorra, jorra de facto, a dor quando dói, dói de facto. Sem truques, sem efeitos especiais, apenas como ela é, naturalmente. Para essa, é pena não existirem também seres dotados do poder de criar o fim desejado ou mais condizente para cada situação. Mas depois, que seria dos noticiários, dos jornais sensacionalistas, da desilusão, do desencanto próprio de um final indesejado? Que seria do apetite voraz do homem pela tragédia que ele mesmo cria, do desejo pelo sofrimento, pela miséria, pela desigualdade, que ele mesmo ajuda a fomentar? Seria possível um mundo assim? Um mundo incapaz de coexistir com a desgraça? Esse sim, era o verdadeiro final feliz. Aquele que, na realidade e por enquanto, ainda só existe em ficção.

Para a minha namorada

por migalhas, em 15.02.07

Se alguma vez disser que te amo, é por que já o pensei mil vezes.

Se te tocar fundo e te fizer tremer, nem que seja por um breve instante, foi apenas por que antes o desejei mil vezes.

Se te olhar nos olhos e sem palavras me revelar, foi por que pensei vezes demais e não me consegui de outra forma expressar.

Se a ti me entregar e nas tuas mãos o meu coração depositar, é por que sei que não existe no mundo mais ninguém que desta forma eu possa ou queira amar.

Se tudo não se tivesse assim conjugado, nem eu nunca teria descoberto a alegria que é viver e deixar cada dia acontecer, ontem, hoje, para sempre a teu lado.

Mas que dia é hoje?

por migalhas, em 14.02.07

Podia dedicar este espaço a formular uma melosa declaração de amor que derretesse até o mais empedernido dos corações. Podia. Mas não vou. Vou antes alertar para algo que possivelmente muitos dos apaixonados que se perdem neste dia com falinhas mansas nem sequer desconfiam. Tirem pois os cavalinhos da chuva (e é bem possível que caia alguma neste dia), aqueles que julgam que o dia de São Valentim a ele pertence em exclusivo. Nada disso. Neste mesmo dia têm lugar outras 3 comemorações que a mim me deixam algo incrédulo, não tanto pelos temas em causa, mas pela coincidência das datas. Então não é que neste mesmo 14 de Fevereiro se comemoram igualmente o Dia Nacional do Doente Coronário, Dia Nacional da Luta Anti-Alcoolismo e Dia Europeu da Disfunção Sexual?

Se o primeiro (Dia Nacional do Doente Coronário) ainda se compreende, mais que não seja como alerta para os pinga-amor mais incautos dos perigos que uns excessos podem representar para as suas “bombas”, já os outros dois me parecem de todo “deslocados”. Associá-los ao dia, por norma, dedicado ao amor incondicional, à paixão na sua forma mais avassaladora, mais parece brincadeira de gosto duvidoso.

A não ser que se entenda o Dia Nacional da Luta Anti-Alcoolismo como forma de prevenir os corações que, a seu tempo, serão quebrados, o que consequentemente levará os seus portadores a encontrar consolo no álcool, ou o Dia Europeu da Disfunção Sexual como forma de provocar o, já de si natural, desânimo naqueles para quem o desejo sexual nem mesmo num dia como este se eleva a níveis considerados satisfatórios.

Seja por que razão for, passo a sugerir aquelas que considero serem as mais adequadas declarações de amor para cada um dos visados por cada uma destas efemérides.

 

Assim, para quem celebra o Dia Nacional do Doente Coronário, recomendo algo do género:

“Minha querida.

Neste dia não te entusiasmes em demasia comigo. Acautela esse teu coração, controlando o bombear que o faz vibrar sim, mas nunca em demasia. Pois eu não mereço que morras por mim. Até por que, depois, com quem iria eu comemorar o próximo S. Valentim?”

 

Para os que se identificam com o Dia Nacional da Luta Anti-Alcoolismo, seria algo mais ou menos assim:

“Minhas lindas.

Não existem duas como tu. Que mais poderia um homem desejar, do que duas beldades como tu a tempo inteiro? E se, por vezes, te açoito, isso mais não é que o meu amor, que bate assim, leve, levemente, sempre a chamar por ti. Bebo a isso! A um amor movido a álcool, para bem do ambiente.”

 

E, por fim, para os que só de pensarem no Dia Europeu da Disfunção Sexual lhes apetece regressar aos saudosos 20 anos, aqui fica a minha sugestão:

“Meu amor.

Longe vão os tempos em que os meus dias eram como os interruptores: uns para cima, outros para baixo. Hoje, são todos iguais, todos para baixo. Eu sei como isso pode ser frustrante, meu amor. Mas acredito, tenho fé, que o amor, o nosso amor, compense tudo isso, sendo, para toda a eternidade, um amor sempre firme, sempre hirto.” 

 

PS: Foi este agrupamento de palavras soltas que me valeu o passatempo da Rádio Marginal do Dia de S. Valentim (o Dia dos Namorados, remember?).

Natureza humana

por migalhas, em 13.02.07

O ser humano é realmente estranho. Com uma imensidão de itens com que se preocupar e preencher os seus dias, este produto da natureza dedica a quase totalidade do tempo de que dispõe a falar dos outros. Dos seus pares, daqueles que são gente também e que possuem uma vida como a sua ou parecida, mais que não seja nos seus princípios básicos. Se existe tema de conversa que congrega a preferência deste produto da natureza que responde pelo nome de homem, o falar dos outros, invariavelmente mal, das suas vidas, invariavelmente invejadas, das suas posses, invariavelmente desejadas, é rei em cada conversa de ocasião, em cada conversa de café, em cada almoço, em cada jantar, em cada viagem de transporte público. Mas porquê? Que existe assim de tão inebriante no que os outros fazem, têm, conseguem? Por que existe uma preocupação quase que doentia, uma obsessão quase que obstinada, em comentar as vidas alheias? Será que quem o faz (e somos todos, que ninguém se iluda, somos todos), não tem os seus próprios projectos com que se entreter, não é igualmente detentor de bens, não consegue atingir os objectivos a que se propõe? Claro que sim. Mais que não seja por que resulta do mesmo molde de que foi feito o seu vizinho, o seu primo, o senhor da loja da esquina onde compra o pão e os flocos amiúde. Mas se somos todos feitos da mesma fibra, originários de um mesmo processo que se repete desde sempre, se partilhamos este espaço a que chamamos nosso, sem grandes possibilidades de ambicionar a outro, sobre que outro assunto podemos conspirar a cada dia, e assim preenchê-lo, senão com a previsível e enfadonha vidinha do nosso vizinho de cima, de baixo, do lado, ou daquele colega de trabalho ou do patrão que disse que disse e daquele que lhe foi dizer e do outro que fez e aconteceu...? BASTA!

Façam alguma coisa pela vida. Pela vossa vida e deixem a dos outros em paz. Quem sabe assim se desvaneça este ambiente de tensão que se sente a cada esquina e que, não parado a tempo, só nos poderá conduzir a um estado de loucura  que se avizinha cada vez mais próximo.

A vida são dois dias. Por que não gozá-los com a nossa vida, em vez de desperdiçá-los a gozar com a vida dos outros?

Algo mais

por migalhas, em 07.02.07

Tem de haver algo mais do que isto. Do que este ramerrame sempre igual, dia após dia. Desta rotina que se entranha e se torna hábito, coisa comum que nos move sempre de igual forma. Tantos milhões de pessoas, num mundo tão gigantesco como o nosso, e quase todas desempenham os mesmos papéis diariamente. Sem nada de diferente, sem variantes, sem novidade.

Ele é acordar cedo, enfrentar o trânsito rumo ao local de trabalho, passar grande parte do dia (a sua maior parte, diga-se) entregue às obrigações laborais, um almoço a correr, uma laracha com o colega do lado, um telefonema apressado para a mulher, a saber dos filhos....

Depois é o reverso da medalha já gasta. O mundo ao contrário, o regresso às origens. Como num rewind, num flashback que nos coloca de novo na estrada, no carro, de volta a casa, onde vamos encontrar as réstias de mais um dia banal, igual a todos os outros, onde sobra apenas tempo para um beijo apressado na mulher, na filha que cresce sem darmos conta e que ajudamos a deitar até ao dia seguinte. Depois um jantar muitas vezes já sem apetite, uma vida sem sal.

A quantidade de factos relevantes que nos são omissos pela vida parva que levamos sempre igual e que nem questionamos. Tanta gente em tanto lado e todos fazem o mesmo, todos os santos dias? Como robôs, que não escolhem, apenas respondem ao chamamento, cumprem ordens, se deixam ir numa viagem sempre repetida.

Por isso acredito que este cenário não deve ser único. Para que andamos todos nós neste carrossel de loucos? A morrer cedo, de stresse, de desgaste escusado, sempre cansados, falhos de paciência para o que realmente deveria ser o mais importante. 5 Dias por semana na ânsia de 2 que nos possam servir de escape. Em que depositamos planos que ficam sempre adiados por falta de tempo, de oportunidade. Que mistérios existem para lá disto que nos é servido de bandeja como única realidade possível? A vida não pode ser apenas e só isto. Dependerá de nós? Apenas de nós e das nossas ambições, desejos, anseios?

Acredito seriamente que é quase obrigatório pensar, imperativo conceber, que existe mais. Acredito que nos está reservado algo mais do que apenas isto. Ou a vida, só assim como se expõe a toda a hora, revela-se muito escassa em interesse.

Pequenino mas cumpridor

por migalhas, em 01.02.07

O mais pequenino do ano chegou. Aparece assim sem grandes anúncios, num estilo que todo ele se reveste de um low profile em crescente desuso. Mas ele é assim mesmo. Nunca lhe correu no sangue a vontade de se mostrar maior do que aquilo que efectivamente é. Há os que se colocam em bicos dos pés, os que sobem mais alto e ainda os que tomam coisas para crescer, mas não ele. Sempre se conformou por ser assim, mais pequeno que todos os outros, mas nem por isso menos competente ou igualmente cumpridor. É por isso um prazer enorme vê-lo chegar assim, sem pompa nem circunstância alguma. Apenas por que chegou a sua vez e nada mais. Os meses não se medem aos palmos e é baseado neste pressuposto que, ano após ano, aposta em ombrear com cada um dos restantes onze, mostrando, sem medos, os seus dotes, todas as suas potencialidades. E se alguém ainda torce o nariz e acha que dele pouco se pode esperar, então aqui ficam apenas três razões que provam precisamente o contrário:

1- Inclui no seu reinado o Carnaval. A mais animada, colorida e entusiasmante celebração de todo o ano;

2- É durante o seu período de vigência que se celebra o Dia dos Namorados, aquele por muitos considerado como o mais romântico dos 365/6 que compõem cada ano;

3- E por fim, mas nem por isso menos importante, por que possui em si um dia muito especial. Mais especial que qualquer um dos que servem de base às celebrações apontadas, ou aos outros 27 que o perfazem. Um dia que viu nascer, há precisamente 41 anos atrás, aquele que aqui se dedica agora a dedicar-lhe umas palavras. Eu.

Por todas estas razões, mas particularmente por esta última, este nunca poderia ser um mês menor. Mesmo que em todos os calendários seja aquele que se apresenta inferior em dias ou que seja o que por todos nós passa mais lesto. Nada disso o torna pequeno, embora, carinhosamente, seja visto como tal, como o mais pequenino do ano. Surge em segundo lugar, o seu nome é Fevereiro e, curiosamente entre os 12, é aquele que detém a maior das designações. Maior e mais pequeno num só. Ou mais uma curiosidade deste mundo que pula e avança, de cada vez que sonha uma criança.