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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Renovação

por migalhas, em 31.07.06

Levará milhões de anos a acontecer, mas o processo já se iniciou. Trata-se de um dos mais surpreendentes fenómenos geológicos da actualidade, que presentemente tem lugar no continente africano. Nada mais nada menos que a maior fenda da crosta terrestre jamais observada no nosso planeta, fenda essa que, a seu tempo, irá gerar a separação da Etiópia e da Eritreia de África. Um fenómeno que não sendo novo (pois é o equivalente ao que esteve na origem da formação dos continentes que hoje observamos) o é para nós e para os nossos contemporâneos, cujos tempos de vida representam um ínfima parte insignificante face aos anos de vida deste velho planeta que nos serve de habitação. Basicamente o que se passa é que as placas tectónicas que formam a África e a Arábia estão gradualmente a separar-se, o que poderá provocar a formação de um novo oceano. Esta fractura recente na crosta terrestre, situada no deserto de Afar (perto do Mar Vermelho), tem vindo a aumentar a uma velocidade vertiginosa, ao ponto de, em apenas três semanas, a fenda ter atingido 8 metros de profundidade ao longo de 60 quilómetros de extensão. Embora este processo de subida de rocha em fusão (magma) que está a preencher a falha e com isso a separar a África da Arábia se esteja a processar a bom ritmo, é coisa para levar ainda um milhão de anos a concretizar-se efectivamente. O que deixa algum tempo para os mais interessados neste tipo de fenómenos deitarem uma olhadela a:

http://www.earth.ox.ac.uk/~timw/dabbahu/photos.html

onde poderão ver imagens várias e impressionantes desta separação que se avizinha. A passos rápidos, dizem os especialistas, mas não o suficiente que nos permita ainda assistir ao resultado final do processo (que os cientistas sustentam ser similar ao que originou a formação do oceano Atlântico), ou a um mísero esboço que nos permita uma imagem minimamente aproximada do que irá acontecer em definitivo. Talvez um descendente nosso muito muito afastado venha a ter esse privilégio. Mas daqui por um milhão (!) de anos, será apenas essa a diferença que irá constatar neste planeta? Se calhar era bom que sim, que fosse apenas essa a grande modificação a que ele e outros como ele assistissem. Pois era sinal de que ainda havia planeta e seres humanos a habitarem sobre ele.

Self made woman

por migalhas, em 26.07.06

Ana Malhoa é uma conhecida intérprete da nossa praça que, se bem me recordo, começou em dueto com o seu velho pai, entoando em conjunto uma mão cheia de temas a que apenas os fiéis devotos de então davam a devida atenção. Como todas as meninas da sua idade, Ana Malhoa cresceu, libertou-se da imagem de menina do papá, tornou-se autónoma e começou a cantar para as crianças. Fazia espectáculos especiais para este público-alvo e consta que com razoável sucesso, a ver pela forma como era procurada. Mas Ana Malhoa continuou a crescer e até dessa imagem maternal ela se libertou. Mudou o seu estilo musical, mais adequado às novas tendências da moda, radicalizou o seu estilo pessoal e decidiu investir nas novas tecnologia. Concretizou o sonho de ter um site só seu e hoje este é um dos mais procurados, não só pelos seus fiéis seguidores, mas principalmente por uma legião de curiosos que ouviu dizer cobras e lagartos do dito espaço pessoal. Eu mesmo já me atrevi a visitá-lo e devo dizer que tomara muitas actrizes desses filmes menos aconselhados para a pequenada serem senhoras de um espaço como aquele. A jovem Ana Malhoa esmerou-se, há que o dizer. E pelo que vi, afirma-se de facto dotada em capítulos que extravasam o da própria interpretação musical. Parece-me que, agora sim, está lançada, talhada para o sucesso, principalmente no momento em que decide envergar vestes próprias dos primórdios do homem, e por que não dizê-lo também da mulher, traduzidas numas peças mínimas em padrão tigreza que fazem dela um autêntico animal à solta, imagino eu, difícil de domar. Percorrendo com um pouco mais de disponibilidade o seu recanto da world wide web, encontramos o que é suposto ser o ponto alto do mesmo: a zona reservada ao seu portfólio fotográfico. Mas porquê um espaço especial para este fim documental, se ao longo de todo o site o que não falta são visões, qual delas a mais desinibida e sensual, da moça em trajes cada vez mais diminutos e poses naturalmente provocadoras? Para tal não encontro resposta, embora acredito que, para uma boa parcela da clientela da Net, vê-la assim, naqueles tratos ousados, seja por si só uma resposta às suas preces. E é bom que satisfaçam a curiosidade agora, por que, ou muito me engano, ou em breve estaremos perante mais um espaço ao qual se poderá apenas aceder em troco de uma quantia mensal estipulada pela Ana Malhoa, agora definitivamente mulher feita. É claro que nessa altura, em que o site for pago, é justo que todos ambicionemos a ver algo ainda mais do foro pessoal desta voz inconfundível da nossa música pop. Olhar mais a fundo a sua intimidade, saber mais dos seus segredos, quem sabe mesmo fotos suas de como veio ao mundo. Mas apenas da época em que a Ana era tão só a menina do papá e da mamã e começava a dar os primeiros passos, não no mundo do showbizz, mas no mundo, propriamente dito. Até lá, e se dúvidas subsistissem, fica a prova de que estamos efectivamente perante um dos sites que mais procura suscita na actualidade. Basta deitar um olho à área das palavras mais pesquisadas no SAPO e lá está ela, a encabeçar a lista: Malhoa. A figura do momento presente, em forma de rica prenda. Para quem aprecie o género. Musical, entenda-se!

Man on the moon

por migalhas, em 20.07.06

Quem não está familiarizado com a famosa expressão "One small step for man, one giant leap for mankind"? Penso que não restam grandes dúvidas quanto ao acontecimento histórico que esteve na sua origem, embora à data muitos não fossem sequer nascidos. Fora isso, a verdade é que se trata de um momento marcadamente histórico para a humanidade e que aqui aproveito para relembrar hoje, o exacto dia em que há 37 anos o senhor Neil Armstrong pisou (dizem, embora eu tenha sérias dúvidas sobre o assunto) a superfície lunar pela primeira vez. Há quem apresente sérias reservas sobre esta suposta ida do homem à lua, ao ponto de a considerarem “a fraude do século XX” (para tal aconselho o visionamento do filme de Peter Hyams “Capricorn One”, de 1978). Louco por teorias da conspiração, também eu me associo a essas opiniões menos consensuais, embora agora não me alongue em comentários. Talvez um dia me proponha a expor aqui neste meu recanto o que possuo sobre o assunto, para que entendam o cepticismo de muitos como eu. Até lá, vivamos na ilusão de que realmente já alguém caminhou naturalmente sobre este nosso satélite natural.

Sobre a minha terra

por migalhas, em 18.07.06

Poderá não dizer nada a muita gente, mas a mim alegra-me saber notícias da minha terra natal. Mais ainda quando as mesmas dão conta de um entendimento que há muito se desejava para a região. Foi por isso com natural agrado que deparei com a notícia de que foi hoje assinado um acordo de cessar-fogo entre as chefias militares das Forças Armadas Angolanas (FAA) e do Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD). O acto, que encerra um capítulo feio da história angolana marcado por conflitos armados e desentendimentos consecutivos entre angolanos e cabindas, teve lugar na localidade de Chicamba, município de Massibi, na província de Cabinda. O acordo entra em vigor à meia-noite de quarta-feira e formaliza o fim das hostilidades em todo o território da província de Cabinda. Esperemos que seja efectivamente o epílogo por que muitos, onde eu me incluo, aguardavam. Quem sabe assim, ao abrigo de uma segurança de que antes não podia, por razões óbvias, desfrutar, me tente a finalmente conhecer o local que me viu nascer e por breves meses me acolheu. É um sonho que alimento há bastante tempo e que agora ganha contornos bem mais definidos. A ver vamos se a paz se instala em definitivo para, também em definitivo, pensar em aventurar-me até lá. 

Lá como cá

por migalhas, em 17.07.06

Lá como cá, o futebol é rei. Arrasta multidões, desperta paixões, é causa e efeito de uma febre para a qual não existe cura possível. Se lá é o Calcio cá é a Liga de Honra. Campeonatos à escala da nação que representam, adaptados à realidade própria de cada país. Não é pois de estranhar que estejamos face a estruturas diferenciadas, cuja dimensão se reflecte no volume de verbas disponibilizadas para alimentar a gula de cada emblema. E embora muitos dos clubes intervenientes neste campeonato que se joga na bota da Europa vivam sob a alçada e protecção de grandes e influentes entidades ou figuras públicas (casos da Juventus - desde há muito ligada à gigante Fiat – ou do AC Milan – por via do todo poderoso Silvio Berlusconi), a verdade é que de nada lhes serviu essa guarda de honra, na hora em que se descobriu que, afinal, essa suposta honra sofria de várias brechas que ameaçavam fazer ruir toda a estrutura que lhe servia de sustento. Assim, e de uma assentada, foram 4 os clubes de nomeada que sofreram as consequências do seu envolvimento no escândalo de corrupção que minou o futebol italiano: Juventus, Fiorentina, Lazio e AC Milan. Se o AC Milan foi punido sendo-lhe retirado 15 pontos e a possibilidade de poder participar na próxima Liga dos Campeões ou em quaisquer outras provas europeias, já Juventus, Fiorentina e Lazio viram o cenário pintado em tons bem mais negros, ao serem efectivamente despromovidos à Série B. Mas a pesada mão da justiça italiana não se ficou por aqui. À Juventus foram ainda retirados os títulos de campeã, conquistados em 2005 e 2006, para além de iniciarem a próxima época com 30 pontos negativos. Fiorentina e Lazio começam igualmente o campeonato secundário com penalizações, respectivamente de 12 e sete pontos cada. Para além destes clubes, também dirigentes e árbitros foram irradiados, bem como um antigo presidente da federação italiana. Todos estes resultados, apurados desta mega investigação e onde se incluem a formalização da acusação, declarações, esclarecimentos e julgamento, foram tornados públicos e resolvidos em menos de, imagine-se, três meses! Um exemplo, se comparado com a versão nacional que por cá se arrasta há vários anos e que se denominou então, para quem já não se lembre, de Apito Dourado. Pois que, lá como cá, também a corrupção é palavra de ordem. Só que lá, as coisas resolveram-se, depressa e bem, sem se olhar a nomes, influências ou lobbies. Factores que, por cá, parecem ser ainda decisivos na forma como servem de entrave à justiça. Basicamente as investigações vão-se arrastando, os casos  prescrevendo, a apatia vingando numa realidade que se  mantém inalterável. Vejam-se os casos da Pedofilia na Casa Pia ou da ponte de Entre-os-Rios. Apenas alguns exemplos da vergonha nacional que se vai perpetuando, até ao dia em que alguém com tomates resolva expor ao mundo toda esta porcaria que, cá como lá, apenas necessita de uma limpeza eficaz. Para que se volte a dar crédito à justiça e se acredite que esta pode ser uma arma poderosa. Desde que feita à margem da influências de terceiros e sustentada numa isenção exemplar, digna da que agora nos chega de lá, de Itália.       

Marselhesa

por migalhas, em 14.07.06

Embora Revolução Francesa designe o conjunto de acontecimentos que tiveram lugar entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, e que conduziram ao início da Idade Contemporânea, é a 14 de Julho, hoje portanto, que se celebra o dia da Revolução Francesa, por ser a data em que se deu a tomada da prisão da Bastilha. Com este facto histórico aboliu-se ainda a servidão e os direitos feudais em França, findando assim todo e qualquer privilégio da nobreza e do clero. Aguarda-se agora que igual revolução se processe ao nível do plantel da selecção francesa de futebol, para que da próxima vez que os apanharmos pela frente sejamos capazes de mudar igualmente o rumo aos acontecimentos e dar origem a uma nova época, sublinhada por uma série consecutiva de vitórias que reponham definitivamente a verdade dos factos.

Energéticos!

por migalhas, em 14.07.06

Ontem, quinta-feira, nós portugueses fomos protagonistas de mais um magnífico recorde. Depois das três eliminações consecutivas da Selecção Inglesa em torneios da UEFA (Euro 2000, Euro 2004 e Mundial 2006), eis que nos enchemos de energia e voltámos a rebentar com a escala. Trocado em miúdos, o que na realidade se passou foi que o consumo de electricidade atingiu nesta data, e no nosso território, o valor mais elevado de sempre em época de Verão. 152 Gigawatts/hora (GWh), para uma potência máxima registada de 7.595 megawatts (MW)! Uma barbaridade! Digo eu, que disto pouco entendo. Mas acredito que estejamos perante valores dignos de respeito, se atendermos às loucas e angustiantes temperaturas que se fizeram sentir e que forçaram ao uso de tudo o que pudesse ser fonte de alguma frescura. De registar que o anterior máximo em época de Verão foi atingido em Junho do ano passado, então com 146 GWh de consumo diário e uma potência máxima de 7.363 MW. Será que também se atingiu um novo máximo no consumo de gelados? Fica o aparte, mas também o esclarecimento de que, embora elevado, o valor agora atingido não foi capaz de destronar o recorde atingido na época de Inverno. Estávamos em Janeiro deste ano, altura em que foi registado um consumo diário de 169,1 GWh e uma potência máxima de 8.807 MW. Ainda dizem que nós portugueses somos uns moles. Qual quê! Energia não nos falta, a ver por aquela que despendemos e que continua a bater recorde atrás de recorde.

Presos à leitura

por migalhas, em 14.07.06

Ele há assuntos que, de tão triviais, chegam a provocar bocejo atrás de bocejo. Não é este o caso, nem sei por que toquei no assunto, mas achei que era boa altura para o fazer. Adiante. Consta para aí que uns quantos reclusos de uma certa prisão do estado de Indiana, nos Estados Unidos, andam revoltados com aquilo que dizem ser “uma clara violação dos seus direitos civis”. E tudo por que lhes foi vedado o acesso a revistas de cariz pornográfico, casos da Playboy e da Hustler, com base numa lei que entrou em vigor no passado dia 1 de Julho e que, basicamente, bane revistas pornográficas de estabelecimentos prisionais do estado. Argumentam estes rapazes que a queixa que agora apresentaram ao Departamento de Justiça, é representativa da vontade de mais de 20 mil reclusos de Indiana, que, segundo eles, a assinam por baixo. Uma injustiça, mas, mais do que isso, um incentivo a que se comam uns aos outros lá dentro, à falta de matéria de leitura que os entretenha de outra forma. Mas até nem foi tanto pelo que se disse até aqui, que esta notícia me suscitou a curiosidade. Que é comum a prática de actos homossexuais em prisões ou a preferência por este género de literatura, isso todos sabemos. O que me deixou, de facto, algo surpreso, foi saber que esta lei local, que proíbe ainda a entrada nos estabelecimentos prisionais da zona de cartas com conteúdos explícitos, é igualmente restritiva no que diz respeito, imagine-se, a publicações como a National Geographic! Agora alguém que me explique em que sentido é que esta revista de grande interesse didáctico e cultural, pode integrar o lote das publicações escabrosas anteriormente referenciadas? Só se estão a tentar que os pobres infelizes se percam geograficamente a nível anatómico, de forma a tirar-lhes da ideia qualquer pretensão que possam ter de cariz sexual. É que, fora esta possibilidade, não estou a ver em que sentido a inocente National Geographic pode interferir com este tipo de comportamento por parte dos reclusos. Resta saber que destino a justiça vai dar à liberdade de leitura dos pobres detidos, na esperança que impere o bom senso. Que, pelo menos, lhes permitam as revistas de quadradinhos, próprias da banda desenhada. Pois para além de ser uma leitura que não exige grande esforço mental, traz ainda a vantagem adicional de perpetuar nos rapazes o hábito de continuarem a ver a vida nesse formato tão do seu agrado.  

Escrita em dia

por migalhas, em 13.07.06

Sujeito à votação de 125 proeminentes escritores, críticos, editores e demais homens das letras, o título de melhor romance de ficção americano dos últimos 25 anos foi atribuído a Toni Morrison, por via do seu romance “Amada” (“Beloved”, no original). Uma autora pouco conhecida no nosso burgo, face a nomes como os de Philip Roth ou John Updike, e que muito provavelmente o é graças ao facto de a edição em português da sua obra estar esgotada há mais de uma década. Trata-se de um romance de estilo bastante conservador, que se desenrola no século XIX e abarca o tema da abolição da escravidão nos EUA. A eleição, instituída pelo consagrado jornal “The New York Times”, acabou por situar a obra de Morrison no topo do ranking, autora que no ano de 1993  arrecadou igualmente o Nobel da Literatura. Se mais credenciais fossem necessárias para atribuir créditos à autora, então poder-se-ia apelar ao facto desta ter sido a obra que mais rapidamente se inseriu no cânone da literatura norte-americana de então, tendo sido adoptada em escolas com o estatuto de clássico. Roth e Updike não ficaram, no entanto, esquecidos, pois quatro dos romances de Updike, protagonizados pelo coelho Angstrom, e tomados como obra una, conseguiram o terceiro lugar da lista, enquanto que Roth, é o autor de sete dos 22 livros lembrados pelo júri. Fica a conclusão, que parece óbvia face aos anos de nascimento dos cinco primeiros classificados - um intervalo de cinco anos entre 1931 (Morrison) e 1936 (Don DeLillo) -, de que esta foi uma votação que veio coroar essencialmente uma geração muito específica de autores, a que se adiciona ainda o nome de Cormac McCarthy. De referir também que todas as cinco obras aqui referenciadas são obras que se pautam por alguma nostalgia e que fazem uso concreto da história, ou de factos dessa mesma história universal, para construírem as respectivas tramas. Quanto ao júri, essencialmente constituído por americanos, contou ainda com a prestigiante presença dos estrangeiros Harold Pinter, Ian McEwan, Carlos Fuentes e Mario Vargas Llosa.

Droga de vida

por migalhas, em 12.07.06

Os videojogos criam dependência e actuam sobre o cérebro da mesma maneira que o álcool ou a cannabis. Quem o afirma não sou eu, mas sim uns quantos cientistas alemães que o justificam num estudo agora apresentado em Viena. Eu bem que desconfiava que aquele stresse de perseguir automóveis a alta velocidade em plena cidade ou de ter de derrubar monstros e inimigos em barda com vários balázios certeiros, algum mal havia de provocar. Principalmente naqueles que não tiram os olhos, seja da PSP, do Game Boy, da X-Box ou do Nintendo. Eu é que não entendo o gozo daquilo, a sério. Dizem que é o melhor escape para a pressão do dia-a-dia, mas a mim causa-me ânsias, nervoso miudinho e muitas vezes uma irritabilidade difícil de controlar. Escape? Antes bater na avó! Agora deixo de me admirar com aquelas crianças ainda de tenra idade mas que já mostram clara dependência daquele género de jogos. Eles vestem-se, eles comem, eles fazem todo o percurso casa escola e vice-versa, onde se inclui atravessar estradas com um relativo movimento de automóveis e afins, sem arrancarem os olhos, uma vez que seja, dos pequenos ecrãs que transportam consigo e dos quais dependem como o ar que respiram. Chega a ser impressionante a forma como se deixam manipular por uma simples caixinha que julgam dominar mas que, em contrapartida, é ela que os domina a eles. Total e completamente. Não admira depois que esta geração não saiba escrever correctamente, não demonstre apetência pela leitura, não saiba apreciar um filme com outro conteúdo que não os directamente relacionados com violência, sexo e acção ilimitada, em resumo, que centre os seus limitados interesses no universo dos jogos de computador. Como se a vida fosse um jogo, onde realidade alguma tem lugar marcado. Talvez por isso demonstrem vezes sem conta uma certa repulsa pela vida que levam, aquela bem real que afinal é comum a todos, mostrando-se irados e contestatários face ao facto de que essa não se constrói jogada a jogada, passando de níveis e acumulando vidas que depois podem ser usadas sempre que disso tenham necessidade. E mais importante, poderem desligá-la sempre que queiram com um simples off no aparelho. Mas não é este o resultado de qualquer dependência? A ânsia de repetidamente atingir níveis de consciência acima dos que são tidos por comuns? Como uma droga, os videojogos também o permitem. E está tudo explicado.

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