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TUDO É ILUSÃO, DESDE O QUE PENSAMOS QUE PODEMOS AO QUE JULGAMOS QUE TEMOS.

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Para pensar

por migalhas, em 25.02.05
"Estar no arame é a vida, tudo o resto é uma espera".
Marion Zimmer Bradley

"Não é apenas aquilo que dizemos que toca as pessoas. É a maneira como o dizemos".
Bill Bernbach

Portugal dos pequeninos

por migalhas, em 21.02.05
Hoje estou triste. Triste e de algum modo incrédulo. Pois é-me inconcebível a mim pensar, como é que este povo português volta a apostar nas mesmas figuras que ainda não há muito tempo deixaram o país na situação miserável que se viu. É como apostar num cavalo que todos sabem bem que nunca irá vencer qualquer corrida, mas porque é simpático permitem-lhe uma nova hipótese. Será falta de memória? Ou será que o povo português gosta é realmente de sofrer, de viver na penúria, de se sentir (des)governado por gente que já deu mostras da mais alta incompetência política e de um desrespeito pela nação com que ninguém se parece incomodar por aí além. Se calhar, até sou eu que estou a exagerar e nem o caso é para tamanha admiração. Pois, vendo bem as coisas, tudo isto se passa num país onde a incompetência é continuamente premiada e, pelo exemplo, fervorosamente incentivada. O que, afinal, bate certo com o que acaba de acontecer. Quem, de forma alguma, não pode ficar isento de culpas neste quadro que agora se pinta, é o povo que temos. Não nos esqueçamos que são programas como uma “Quinta das Celebridades” ou um “Big Brother” que lideram audiências. Por isso, o que é que se pode esperar mais de um povo que vive na ignorância e no total alheamento daquilo que se passa à sua volta? E não estou só a referir-me àqueles que, por uma razão ou por outra, são vítimas do analfabetismo resultante da falta da escolaridade mínima obrigatória. Falo igualmente de gente formada, instruída e culta, que, ainda assim, demonstram uma incrível e incompreensível inaptidão para analisar e lidar com a situação real do país a todos os níveis. E é precisamente nesses que, curiosamente, continuam a depositar total confiança. Temo agora momentos de grande dificuldade, de enorme contenção e não antevejo perspectivas de maior para este nosso, cada vez mais, desgovernado país. Agora compreendo quando alguém dizia: “o país está à beira do abismo. Temos de dar um passo em frente”. Acredito que sim. Que estejamos à beira do abismo. O passo em frente, esse, parece ter sido dado ontem. Com o consentimento da maioria dos que se afirmam portugueses, orgulhosos da sua nação. Que nação? Esta que se confine cada vez mais à sua pequenez - que já não é só física -, à sua inoperatividade, à crescente dependência de terceiros, ao comodismo, ao deixa andar a ver no que é que dá, em resumo, à sua real pobreza? Se é desta que me devo orgulhar, então prefiro mudar de nacionalidade. Porque já vi que este nosso povo teima em não abrir os olhos. E, de olhos fechados, é normal que se esteja sempre a esbarrar nos obstáculos que nos impedem de avançar. Que Deus nos ajude, é só o que me ocorre.

Praia no Inverno

por migalhas, em 11.02.05
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Praia de São Julião em pleno Inverno. Nem parece, pois não? Inverno, quero eu dizer.

Parceiros de cama

por migalhas, em 10.02.05
Fiquei destroçado. À medida que os meus olhos acompanhavam aquelas linhas, o meu coração mirrava ao ponto de chegar a pensar que iria mesmo desaparecer. As suas palavras revelavam raiva, fúria, desilusão, todos os sentimentos de revolta possíveis na hora da confrontação com uma revelação inesperada e de todo surpreendente. Alguém mal intencionado, mas também muito mal informado, havia-lhe revelado algo realmente perturbador sobre a minha pessoa. Alguém que apenas pretendia injectar veneno entre nós os dois com o objectivo único de arruinar a nossa relação. Uma relação que desde sempre se baseara na confiança e respeito mútuo, algo que parecia neste instante ser coisa pertença apenas do nosso passado. Segundo ela, com esta minha atitude hipotecara a sua dedicação, o seu amor, uma vida a dois de perfeito entendimento e sintonia, tudo em prole de outros supostos interesses que lhe omitira premeditadamente. E o que mais lhe custava, dizia ela, nem era tanto a traição ou o engano, mas a duração do mesmo. Pois, segundo as suas contas, teria de ser algo que se arrastava desde antes ainda de nos termos conhecido. Pelo que, tudo o que lhe havia dito, prometido e revelado ao longo de todos estes anos a dois, não passava agora de conversa fiada cujo objectivo fora apenas o de a conquistar. Isso era o que mais lhe custava. Saber que, afinal, estes anos todos fora apenas e só a outra. A que com ele repartira os lençóis da cama, que ela julgava apenas dos dois. Mas não. Por aquela cama, por todos os seus lençóis, havia passado mais um milhão e meio de outras companhias para além da dela. Despedia-se dizendo que não voltaria atrás na sua decisão de partir e que só se arrependia agora de não o ter feito há mais tempo. Estarreci. De onde é que ela tirara aquela ideia bizarra e absurda de que a traíra com mais um milhão e meio de outras companhias? Como se tal fosse possível. Humanamente possível.
“Quando chegas a casa ele não tem a cama sempre feita? E não é ele que insiste que a cama não deve arejar em demasia para não arrefecer? Pois tudo isso esconde as companhias com quem ele dorme. É verdade, acredita no que te digo. Hás-de ver se ele não anda com alergia. São tudo sintomas, vai por mim que eu sei o que digo.”
Esta fora a conversa que despoletara a sua desconfiança em relação a mim. Tivera-a, soube mais tarde, com uma sua amiga enfermeira que fazia na altura um trabalho de estágio sobre alergias provocadas pelos ácaros. Aqueles bichinhos horríveis que se instalam nos nossos colchões e nos nossos lençóis e se propagam aos milhões graças ao calor e à humidade de uma cama feita logo pela manhã, sem tempo para arejar. Ainda lhe tentei fazer ver que não tinha razão nas acusações que me fazia, mas, mais ainda, na improbabilidade do que me acusava. A verdade é que nunca mais ninguém lhe tirou da cabeça que os milhões de companhias que havia tido e com quem partilhara a nossa cama, não passavam de minúsculos seres com menos de um milímetro de comprimento. Hoje vive com um reputado especialista em doenças alérgicas que, segundo ela, sabe como evitar outras companhias entre os lençóis. Pelo menos a companhia dos ácaros, acredito que saiba como evitá-la, pois é a sua especialidade. Quanto às outras, àquelas que realmente interessam e que se movem sobre duas pernas, consta por aí que não as consegue evitar. Podem não ser aos milhões, mas que as tem às mãos cheias, disso não restam dúvidas. E ela, a minha ex, vai vivendo na ilusão de que se continuar sem fazer a cama todos os dias, consegue evitar que ele se torne como eu. Coitada. Nem ela sabe a cama que fez a si mesmo. “Deitamo-nos na cama que fazemos”, costuma ouvir-se dizer. E se a dela não tem ácaros, tem com toda a certeza muitos outros focos de alergia que muita comichão ainda lhe vai fazer.

A minhoca ganhadora

por migalhas, em 09.02.05
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Cá estão eles! Os vencedores, pelo segundo ano consecutivo, do concurso de máscaras do Magoito. A minhoca, aqui já desmembrada e em ameno convívio com outros participantes - os M&Ms -, revelou-se imbatível na hora da votação, sucedendo assim com enorme êxito às formigas, que no ano passado arrebataram o primeiro prémio. É caso para dizer que o que está a dar são os insectos. Convém referir ainda que cada um faz a sua própria máscara, depois de aprovado o tema em conjunto. É aquilo a que se pode chamar de verdadeiro trabalho de equipa. E em equipa que ganha, não se mexe. Até pró ano, uma vez mais com a responsabilidade de defender o título.

Estrelas (quase) a nu

por migalhas, em 03.02.05
Ora aqui está uma iniciativa de louvar. Existe um conhecido cinema em Londres, o Leicester Square, que apresenta como condição para as vedetas que pisam a sua passadeira vermelha nas noites de estreia, a exibição de 50% do seu corpinho. O mesmo é dizer que, nessas ansiadas noites, podemos contar com meio corpinho dessas mesmas estrelas “au naturel”, que é como quem diz, sem ponta de roupa a cobri-lo. Ora aí está uma forma inteligente de chamar público às salas de cinema. Segundo um estudo feito sobre o assunto - pois ele há estudos para tudo -, conclui-se que nos anos 70 a percentagem de nudez não ultrapassava os 7%. Ou seja, em apenas 35 aninhos, os costureiros(as) que vestem - ou deveria dizer despem? - as vedetas de Hollywood, pouparam qualquer coisa como 43% de tecido em cada novo modelo. O mesmo estudo aponta ainda para que, em 2010, a área descoberta dos corpinhos das divas da sétima arte se cifre em qualquer coisa como 75%. Ou seja, três quartos do total das pequenas estarão desnudos e assim expostos aos olhares deliciados dos seus admiradores. Basta fazer umas contas rápidas, para nos apercebermos de que será ainda em período válido das nossas vidas que iremos assistir a desfiles de actrizes exactamente como vieram ao mundo, de cada vez que haja uma noite de estreia para os lados da capital britânica. Por isso, pergunto: para quando o mesmo por cá? Somos pobres, é verdade, mas não somos, nem ceguinhos, nem insensíveis ao que é bonito e, como tal, deve ser visto. Ficamos a aguardar. A ideia, essa, está lançada e mais do que aprovada!

A doença dos saudáveis

por migalhas, em 02.02.05
Então não é que, para grande espanto meu, uns quantos idiotas da nossa praça se deram ao trabalho de inventar uma suposta doença para quem se preocupa com uma alimentação saudável? É isso mesmo. Atenção pessoal que deixou de ser, ou nunca o foi, carnívoro. A partir de agora designai-vos de Ortorexicos, por via da Ortorexia de que sofrem e não desconfiavam sequer. A tal “doença” de quem pretende ser saudável ao evitar as toxinas, as hormonas e, consequentemente, todas as maleitas que lhes estão associadas, transmitidas pela carne, esse elemento por demais presente na alimentação diária de, quase, todos nós. Sim, porque a epidemia das vacas loucas, a gripe das galinhas, os problemas com os porcos e por aí fora, são exemplos que não interessam para nada. Que não têm qualquer influência na saúde pública ou quaisquer tipos de consequências de maior no futuro. Claro que sim. E nós somos todos uns atrasados mentais que aqui andamos. Mas quem é que estes “entendidos” pretendem enganar? Julgam que anda toda a gente a dormir? Que tenham de continuar a vender muita carne para evitar mais um descalabro económico, isso é uma coisa. Agora virem dizer que está tudo bem e que é normal comer carne - mesmo que infectada - para o bom desenvolvimento do organismo, vão gozar com outro. Já se questionaram porque é que cada vez mais cedo as raparigas são confrontadas com a menstruação? E porque é que cada vez mais cedo se desenvolvem, por exemplo, os pêlos púbicos nos rapazes e nas raparigas? E porque é que Portugal está em segundo lugar na Europa no que ao número de crianças obesas diz respeito? Não terá tudo isto a ver com a alimentação descuidada e pouco ou nada equilibrada que se leva hoje em dia. Excesso de McDonald's, de fritos, de açucares e a lista não tinha fim. E depois aqueles que se preocupam com a sua saúde através de uma alimentação cuidada é que sofrem de uma doença parva inventada do pé para a mão com o intuito único dos intimidar e, quem sabe, levá-los a recuar nos seus ideais. Quem sabe na tentativa de voltarem a consumir o que dá dinheiro e mata mais depressa. Quem sabe. Se é essa a ideia, vieram bater à porta errada. Quem se decide a mudar, ou nunca sequer pensou em consumir certos e determinados alimentos, está consciente do que faz e fá-lo com conhecimento de causa. Ou seja, sabendo como substitui-los por outros mais saudáveis e cujos resultados em termos nutricionais são os mesmos ou, eventualmente, até melhores. Por isso, parem lá de deitar areia para os olhos do pessoal, porque nem todos somos pategos. Se querem enfartar-se e matar-se à custa dessa carne cheia de químicos, que vos faça bom proveito. Permitam-me é que dispense a vossa companhia.